quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Estranha vida!

Queima-se mais um cigarro. Um cigarro que faz tão mal, como se fosse um mal menor para queimar o mal todo no meio da multidão, tanta gente, tantas caras, braços, pernas. Quase todos os seus amigos estão presentes. Ela ri, corre, diverte, irrita, anima, apaixona, consola, anima, convida, dança, brinca, pula, solta, cozinha, ama, trata, entende, cuida, limpa, responde, organiza, ambienta, conduz, joga, vê, protege, orienta, aconchega, aconselha, ouve, sorri, dá, agradece, apoia e agrada. Mas para ela, não há. A Susana sente-se profundamente, brutalmente e terrivelmente só. Ninguém tem vontade de cuidar dela. De a entender, de a compreender, de a proteger, de a ouvir, de a amar de partilhar com ela. Esta solidão roí-a toda por dentro. Consome-a, apaga-a. Dói-lhe. Tristeza, vazio, fraqueza, fragilidade, carência afectiva, emocional e carnal. Ela espera, e caí nas profundezas da falta e do mau estar de quem não está para preencher o vazio que tudo que está a volta e bem, sem saber porquê, não preenche.

5 comentários:

  1. Susana....conseguiste fazer-me chorar:(.... mas não desistas nunca de lutar...

    Tu mereces e vais ser muito feliz... e alguém vai agarrar em ti e vai-te amar, cuidar, mimar, acarinhar, proteger, animar, aninhar, amantizar, gozar, rir, pular, brincar, mas principalmente vai surgir alguem que vai trazem um novo brilho ao teu olhar!

    Te adoro Susana!

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  2. Ai, Menina! A felicidade não cai do céu nem é trazida nos braços de quem quer que seja. Estamos irremediavelmente sós, incomunicáveis. Se não consegues dar a ti própria a felicidade que pretendes e necessitas, estás perdida!

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  3. Eu acredito que a Susana vai ser feliz. Embora neste caso, a questão é mais o peso da solidão quando no fundo, rodeada de pessoas e a divertir-se, sente a falta da partilha e da complicidade com a sua cara-metade. Pelo menos, foi o que percebi. :)

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  4. Podemos ver o texto de vários ângulos: na sua relação com os outros, na relação dos outros consigo, na relação com ela própria.
    Para os outros, será a mulher perfeita que exteriormente se esforça por parecer. É normal pois, que eles não se apercebam das suas necessidades e fragilidades. Existe assim uma relação causa efeito, pelo que, mantendo-se este status quo, a sua espera será eterna. Talvez essa exteriorização, seja também uma defesa. O parecer forte, pode ser uma forma de não mostrar a sua vulnerabilidade. Um acto inconsciente de uma relação anterior da qual não concluiu o seu luto. A solução será deixar de ser essa mulher perfeita todos os dias, de forma a que gradualmente, os seus amigos e as pessoas próximas também a possa ver, como uma mulher.
    Susana sente-se só, mas espera por um amor que não procura. Sente-se só, quando vive rodeada de uma constelação de pessoas. (Já Camões dizia que o Amor “É solitário andar por entre a gente”).
    Um dia para tentarem perceber a sensação de silêncio absoluto, foi colocada num espaço insonorizado. E aí, onde aparentemente o silêncio imperava, ela ouviu sons. Os sons da vida, o seu respirar e o bater do seu coração. Nós nunca estamos sós, vivemos com a nossa própria companhia. Na demanda pelo Amor por vezes esquecemo-nos do nosso amor próprio.
    As Susanas deste mundo têm pois de reconquistar o seu amor próprio. A sua auto-estima. Porque se isso não acontecer a sensação de solidão vai crescendo, e como um eucalipto irá secando e destruindo, todas as árvores endémicas em nós. E neste estado de vulnerabilidade, a felicidade dos amigos e pessoas queridas que nos deveria contagiar, por vezes em vez de nos ajudar, ainda nos deprimem mais.
    Talvez a maior tortura no Amor seja esse sentimento de falta. Que por vezes nos vai desalojando de todos os outros pertences que habitam no nosso coração, e outras vezes além de nos fazer parecer vazio, o preenche de memórias virtuais, impossibilitando que um novo inquilino o possa habitar. Mas esse sentimento de falta, pode ser também, o coração a dizer que está outra vez preparado para amar….

    E pronto, já me estiquei muito.

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  5. Que giro, Paulo!

    Lindo comentário, embora n concordasse na totalidade, gostei deste teu ponto de vista. Acredito que muitas Susanas têm falta de amor próprio, mas como eu conheço a minha Susana, amiga, não me parece que seja falta de amor-próprio nem auto-estima mas sim falta de amor do outro, do afecto, do carinho, de intimidade e de partilha. Ela gosta dela, e é bastante segura, mas sente falta, às vezes ela própria n sabe bem o que é, já que ela n sente falta em particular na vida que vai decorrendo, só mesmo, na minha opinião, sentir-se amada da sua cara-metade. Porque o amor dos amigos e da família, ela já os tem. :)

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